CACTOS MATAM A FOME?

 COM A PALAVRA, O EDITOR

    Na última semana, assisti a uma reportagem na TV sobre um pai que se viu obrigado a alimentar seus filhos com cactos devido à guerra. A Organização das Nações Unidas (ONU) relata que cerca de 2,3 milhões de pessoas em Gaza estão atualmente à beira da fome. Embora Israel tenha aberto um ponto de entrada para ajuda humanitária no enclave palestino, a chegada dos alimentos tem enfrentado dificuldades. 



    Fome, morte, dor e tristeza! Não é possível afirmar que uma guerra seja racional. A guerra é desumana. E no Brasil, que tipo de guerra estamos vivendo? 

    Já testemunhei famílias brasileiras sendo obrigadas a consumir cactos para sobreviver e a beber água de açudes, a mesma água que os animais bebem. Ao assistir a essa reportagem, senti tristeza, pois a guerra está ceifando vidas, e a fome, de forma cruel, contribui para que a guerra cause mais mortes, sem escolher idade ou sexo – simplesmente mata! Contudo, ao refletir sobre a reportagem, percebi que no Brasil também enfrentamos a realidade de famílias sofrendo com a dor da fome e da morte. 

    A fome no Brasil, após uma queda considerável, voltou a crescer nos últimos anos, afetando hoje 15,5% da população do país. Cerca de 33 milhões de pessoas convivem com a escassez de alimentos em território nacional, principalmente nas áreas rurais, nas regiões Norte e Nordeste, conforme revelado por uma pesquisa lançada em 2022. 

    A realidade da guerra é cruel, e milhões de pessoas continuarão morrendo, assim como no Brasil, se nossas autoridades persistirem na ideia de que tudo é normal.

Por Renato Fulgoni

Crônica publicada na Revista Digital Aldeia Magazine Fevereiro 2024 - Edição 49








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