Esta entrevista foi publicada na Revista Digital Aldeia Magazine EDIÇÃO 050 - ABRIL 2024
EXPLORANDO UNIVERSOS: UMA CONVERSA COM LUCIANA MENDONÇA, A ‘LU PENSADORA’, SOBRE LITERATURA, FILOSOFIA E INSPIRAÇÃO
Luciana Mendonça, uma talentosa escritora de Cabo Frio, tem se destacado no cenário literário com sua poesia e reflexões profundas. Além de sua habilidade excepcional com as palavras, Luciana possui uma formação acadêmica em Odontologia e Pós-graduada em Filosofia e Sociologia pela Universidade Cândido Mendes em 2022 e está concluindo sua segunda pós-graduação em Ciências Humanas: Filosofia, Sociologia e História.
Como membro atuante das Academias de Letras de Cabo Frio (ALACAF), de São Pedro da Aldeia (ALSPA) e Cabofriense de Letras e autora de três livros notáveis - “Café Poesia”, “Florescer Pensamentos” e “Viver, Pensar, Poetizar” - ela também tem presença marcante em diversas antologias, incluindo a “Antologia Poética Luso-Brasileira 2020-2021”. Nesta entrevista exclusiva para a Revista Aldeia Magazine, Renato Fulgoni explora os universos da escrita e da filosofia com Luciana, a “Lu Pensadora”, para descobrir suas inspirações, visões de mundo e o papel da literatura na contemporaneidade.
Confira a Entrevista da escritora Luciana Mendonça com Renato Fulgoni:
Renato Fulgoni - Luciana, você possui uma formação acadêmica em Odontologia, mas encontrou sua voz na literatura e na filosofia. Como foi essa transição e o que motivou você a explorar essas novas áreas do conhecimento?
Luciana Mendonça - Desde menina eu gostava de usar a arte para me expressar. Eu escrevia poesias, mudava letras de músicas, fiz 2 anos de teatro, escrevia peças para teatro na escola, fiz aulas de piano... mas nada disso me deu segurança para seguir uma carreira artística, pela instabilidade e desvalorização da cultura em nosso País. Infelizmente fui desestimulada a continuar e procurei uma profissão mais estável e que eu também gostasse, porém a necessidade de me expressar através da arte e da escrita nunca saíram de mim. Então enquanto eu fazia aula de canto, minha professora reconheceu em mim algo que estava adormecido faziam muitos anos, me encaminhou para Alacaf (Academia de Letras e Artes de Cabo Frio) e lá fui recebida com muito respeito e afeto por outros colegas que já eram veteranos nessa área, onde percebi que estava no caminho certo para desenvolver meus textos e publicar meus livros, assim como eles. Quanto a Filosofia, foi escrevendo sobre o que eu observava no ser humano, no seu comportamento e desenvolvimento, sobre o que acontece ao nosso redor, sobre o desenvolvimento e caminhar da nossa sociedade que tive a vontade de me aprofundar no assunto e estudar lá do início da formação do pensamento até os dias atuais para poder opinar corretamente, ter uma visão macro, desenvolver um pensamento crítico e obter conhecimento. Mas quando se estuda Filosofia, entendemos que quanto mais achamos que sabemos, menos sabemos. E a Filosofia, não nos dá exatamente as respostas, mas te ensina a formular bem as perguntas e muitas vezes as perguntas são mais importantes que as respostas. A Filosofia é o início do conhecimento, da ciência. E tudo começou através de perguntas. Não tínhamos as respostas ainda, mas descobrimos que o conhecimento é infinito.
Renato Fulgoni - Sua recente pós-graduação em Filosofia e Sociologia certamente influencia sua escrita. Como esses campos do saber dialogam em seus livros “Café Poesia”, “Florescer Pensamentos” e “Viver, Pensar, Poetizar”?
Luciana Mendonça - A princípio eu me propus a escrever poesias, a inspiração chegava instintivamente, sem que eu precisasse forçar meu pensamento. Em meio a poemas românticos eu me pegava pensando criticamente sobre o comportamento e o rumo da humanidade. Senti falta de letras e textos que faziam crítica social, um tanto quanto azedas e amargas, mas extremamente reais como fazia Renato Russo, Cazuza, Elis Regina. E percebi que eu não queria só escrever sobre sonhos e romances, eu queria retratar nossa sociedade, tanto o lado bom quanto o lado ruim. E para isso eu precisaria escrever algumas “ verdades “. Me inspirei nesses artistas e em outros escritores mais ácidos e escrevi meus primeiros textos com uma pitada de crítica social. Politicamente Correto, Duas Caras e Homem Bruto foram como texto, meu ponta pé inicial para a escrita de mais crítica social e ao comportamento humano. E assim, segui essa mesma linha nos livros Florescer Pensamentos e Viver Pensar Poetizar, porém nesses eu já pude acrescentar meu conhecimento em Filosofia e fazer um paralelo entre o pensamento filosófico e a realidade atual.
Renato Fulgoni - Como membro da Academia de Letras de Cabo Frio (ALACAF), qual é a importância das academias literárias para os escritores e para a promoção da literatura local?
Luciana Mendonça - Nós como artistas locais independentes, recebemos muito pouco ou quase nada de ajuda e incentivo para levar a cultura e nossa arte às pessoas. As nossas Academias, assim como os coletivos literários estreitam esse canal entre o escritor e a população, promovendo encontros culturais, incentivando os artistas, fomentando a cultura. Sem falar que formamos uma linda família literária. Com isso, esperamos cada vez mais participação da sociedade e dos órgãos públicos responsáveis pela cultura.
Renato Fulgoni - Você tem participações em diversas antologias, incluindo a “Antologia Poética Luso-Brasileira 2020- 2021”. Como é para você contribuir com essas coletâneas e como elas enriquecem sua jornada literária?
Luciana Mendonça - Me orgulho muito por ter participado de todas as antologias. Foi com elas que me iniciei definitivamente como escritora. Mais precisamente uma antologia promovida pela Alacaf, que foi minha primeira, em homenagem à cidade de Cabo Frio, com meu poema: Cabo Frio Com Amor. Pensar que esses livros, junto com grandes autores, vai percorrer todo nosso País e até mesmo chegar ao exterior, me deixa muito feliz.
Renato Fulgoni - Como “Lu Pensadora”, quais são os temas ou questões filosóficas que mais lhe interessam atualmente e que podem vir a inspirar seus próximos trabalhos literários?
Luciana Mendonça - A Filosofia e a Sociologia nos habilita a ter uma visão do passado, presente e futuro. Temas da atualidade em nossa pós modernidade como retratados por Zygmunt Bauman a respeito da sociedade líquida em que tudo é descartável, do material ao próprio ser humano, a falta de empatia entre as pessoas e a competição capitalista são assuntos que pretendo abordar e abrir diversas reflexões a respeito. Assim como a preocupação futurista de Yuval Noah Harari sobre como vamos lidar com tantas mudanças tecnológicas e a possível extinção de algumas profissões, causando um colapso social e econômico. Devemos abrir os olhos antes que as consequências sejam irreversíveis para nós. É sobre isso que quero escrever. E sobre respeito. Aos outros, a natureza, ao planeta, aos animais. Acredito na voz da escrita!
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